BANNER INICIAL

TV INFINITY

 

BANNER ANUNCIANTES

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte fará homenagem a Tonheca Dantas na Quarta(11).

Orquestra Sinfônica do RN - Foto: Anchieta Xavier
A Orquestra Sinfônica do RN homenageia os 100 anos da valsa Royal Cinema, de Tonheca Dantas, esta quarta 11 de Dezembro, no Teatro Riachuelo.
Tonheca Dantas: o Maestro dos Sertões. É com esse nome que o Morada da Paz, em parceria com a Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte, lança nesta quarta-feira, às 22h, no Teatro Riachuelo, um projeto que está resgatando e homenageando a memória do músico potiguar e os 100 anos da valsa Royal Cinema, completados esse ano.

O projeto, que está sendo realizado via Lei Djalma Maranhão e conduzido pela Cooperativa de Música do Rio Grande do Norte, contempla o lançamento de um encarte com dois CD’s, contendo treze músicas de Tonheca Dantas executadas pela OSRN, fotografias, partituras digitalizadas e o e-book “A Desfolhar Saudades: uma Biografia de Tonheca Dantas”, do professor, pesquisador e historiador Cláudio Galvão. O encarte será distribuído gratuitamente entre orquestras, bandas de música, escolas e bibliotecas de todo o país. O conteúdo também está disponível de forma gratuita no site www.tonhecadantas.com.br. A página possui textos sobre o músico, depoimentos, três músicas com partituras gerais e com a opção de ouvir e baixar, além de fotos e do vídeo documentário sobre o projeto.

Fachada do Royal Cinema, em Natal

O idealizador do projeto e diretor do Grupo Vila, Eduardo Vila, explica que a motivação para a realização do projeto está em dois fatores: o familiar e a beleza musical da obra do maestro. “Tonheca Dantas é um conterrâneo ilustre, um homem simples do interior, mas à frente do seu tempo, autodidata que foi capaz de elaborar músicas de muita qualidade. Tive a ideia de resgatar a obra dele lançando o CD e o livro, que por sinal foi um trabalho muito bom de Cláudio Galvão, para perpetuar a história desse homem simples, saído do interior e autodidata, capaz de elaborar músicas com tanta qualidade. Procuramos a orquestra, apresentamos o projeto, encontramos uma receptividade extraordinária e temos a garantia que deixaremos esse legado gravado em alto esti lo”, afirma e continua, “outra motivação foi o fato de ele ser um Dantas. Minha mãe também é Dantas e da mesma região. além disso, a data de nascimento de Tonheca e meu avô são próximas, o que certamente significa que eles eram primos, pois os dois descendem da mesma árvore genealógica de origem em Caetano Dantas Corrêa, de onde vem todos os Dantas da região Seridó”, explica.

Segundo Eduardo Vila, o apoio à cultura e o resgate da memória é uma preocupação do Grupo Vila enquanto cemitério. “O que é um cemitério senão um local de preservação de histórias, um depositário de histórias? Somos uma empresa preocupada com a memória da cidade que deve ser preservada através dos nossos personagens”. Dentro desse princípio a empresa já te m como prováveis próximos projetos o resgate da história de Nísia Floresta e a construção de um museu eletrônico com a história dos grandes personagens do Rio Grande do Norte.

Para o produtor do projeto e diretor da Cooperativa da Música do Rio Grande do Norte, Cláudio Machado, a necessidade de proteger e promover a obra de Tonheca Dantas é a principal justificativa para esse resgate. “A obra de Tonheca corria (e ainda corre) o risco de ficar no ostracismo, pois embora tenha sido um autor de renome e uma referência para a música do Rio Grande do Norte, sua obra encontra-se disponível apenas no acervo de poucos grupos e admiradores, com uma quantidade pequena de registros se comparada à grandeza de seu legado”, explica.

Opinião compartilhada pelo autor da biografia do maestro, Cláudio Galvão, que passou anos pesquisando sobre a vida de Tonheca Dantas e espera que com a divulgação do encarte o mesmo não seja esquecido nem hoje e nem no futuro. 

Para ele Tonheca foi o músico mais popular dos compositores de obras para bandas de música no Estado. “Ele foi um sertanejo genial, que com os poucos recursos que dispunha para aprender música, alcançou um elevado nível de conhecimento técnico, que aliado a sua sensibilidade e criatividade o levaram a mais elevada posição entre os músicos do Rio Grande do Norte, com uma popularidade que se estendeu pelo Nordeste e pelo restante do país. Não seria arriscado afirmar que ainda hoje este posto pertence a ele”, garante.

Ainda segundo Cláudio Galvão, ainda tem muito a ser feito para organizar a obra de Tonheca. “Uma parte da obra dele está guardada no quartel da Polícia Militar, em Natal. Mas muitas de suas composições ainda estão espalhadas pelos lugares por onde ele viveu. A maior parte desse material tem sobrevivido à custa de cópias manuscritas em papel que, com passar do tempo, tem a tendência de se perder”. Para o biógrafo, a solução seria a realização de uma grande pesquisa com a digitalização de todo esse acervo.

Entre o Arizona e a Cidade do Sol 

À frente da Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte desde setembro de 2012, o experiente maestro e regente gaúcho, Linus Lerner, está muito satisfeito em trabalhar e conhecer melhor a música de Tonheca Dantas. “Conhecia apenas a Royal Cinema da obra dele. Nesse projeto a obra de Tonheca foi arranjada para orquestra e isso deu uma nova roupagem, diferente do que as pessoas estão acostumadas a ouvir na música dele. A ideia de trabalhar a obra de Tonheca Dantas é parte do trabalho que quero fazer de resgate da nossa imagem, da nossa identidade. É importante que as gerações futuras conheçam a nossa história, a nossa tradição. Saibam quem foi Tonheca Dantas e qual foi a contribu ição dele no âmbito musical do RN e do Brasil”, enfatiza.

Linus Lerner tem uma vasta experiência internacional. É doutor em música pela Universidade do Arizona e já conduziu grupos de diversos países como: Estados Unidos, Brasil, Bulgária, China, Republica Tcheca, México, Espanha e Turquia. O maestro é apontado pela crítica especializada como um dos mais carismáticos da atualidade, por conquistar o público com uma energia e entusiasmo presentes no palco.

Atualmente, Linus se divide entre as regências da Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte e das norte-americanas – The Southern Arizona Symphony Orchestra (Tucson/Arizona) e da The Bayou City Performing Arts (Houston/Texas).

Tonheca Dantas – Strauss Papa-jerimum

Antônio Pedro Dantas, conhecido como Tonheca Dantas (1871–1940) nasceu em Carnaúbas dos Dantas, filho de João José Dantas e da escrava alforriada Vicência Maria do Espírito Santo. Foi músico, compositor e maestro, sendo autor de uma obra de mais de mil peças musicais.

Despertou seu gosto pela música ainda na infância, aprendendo com seus irmãos, que tocavam em uma banda de música de sua cidade, e logo se tornou um multi-instrumentista tocando flauta, trompete, saxofone, clarinete, esse último seu instrumento preferido.

Tonheca era autodidata e não teve nenhuma formação musical. Foi maestro da Banda de Música da Polícia Militar do Rio Grande do Norte e da Banda de Música do Corpo de Bombeiros de Belém do Pará e também ensinou música em muitas bandas do interior potiguar e paraibano.

Compositor de uma vasta obra até hoje executada por bandas filarmônicas no Brasil e no exterior, Tonheca Dantas tem entre suas obras primas a valsa Royal Cinema, que compôs, em 1913, para um cinema da cidade do Natal. A valsa, com sua melodia cativante, se tornou conhecida e passou a ser presença constante nas bandas de música do Rio Grande do Norte e vários estados do país. Royal Cinema também ultrapassou as fronteiras do Brasil, ao ser tocada diversas vezes pela Orquestra da Rádio BBC de Londres, durante a Segunda Guerra Mundial, executada sempre com informação de que era uma valiosa produção de um compositor brasileiro.

Suas composições eram principalmente valsas, mas também dobrados, maxixes, hinos, xotes, polcas, marchas e outros gêneros musicais orquestrados. São obras famosas também a Valsa Delírio, a suíte Melodia do Bosque, Valsa A Desfolhar Saudades, a marcha solene Republicana e o dobrado Tenente José Paulino.

O ex-prefeito de Natal, Djalma Maranhão, costumava chamar Tonheca Dantas de Strauss Papa-Jerimum. Para homenagear e lembrar o legado do maestro uma das salas do Teatro Alberto Maranhão foi inaugurada com o nome de Tonheca Dantas.

Nenhum comentário: