Novos caminhos na produção fabril serão trilhados em 2017 pelo Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos (Nuplam), unidade suplementar da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que retoma a fabricação de medicamentos para o Sistema Único de Saúde (SUS) após aderir à política de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), estimulada pelo Ministério da Saúde (MS). Atualmente, o laboratório recebe transferência de tecnologia da empresa EMS, para produzir inicialmente comprimidos de Olanzapina, substância utilizada no tratamento da esquizofrenia.
Outros projetos de PDP foram encaminhados recentemente ao MS para ampliar o leque de produção do laboratório com os medicamentos Hidroxiureia (tratamento de anemia falciforme), Fingolimode (tratamento de esclerose lateral) e Raltegravir (antirretroviral), que constam na lista de prioridades do ministério. Além disso, o Nuplam assinou em dezembro de 2016 o termo de compromisso para produção de Donepezila, fornecida para tratamento da doença de Alzheimer.
Fábrica de líquidos
A reativação da fábrica de medicamentos líquidos é mais um objetivo em discussão com a Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) e a Secretaria de Ciência e Tecnologia de Insumos (SCTIE) do MS, por meio da transferência de tecnologia com a empresa Geolab, para a implantação de uma linha de produção de colírios utilizados no tratamento de glaucoma. Em parceria com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e outros laboratórios, a unidade ainda dispõe de projeto para produzir mais dois antirretrovirais.
“Procuramos novas opções de produção com a perspectiva de angariar recursos para a manutenção, a modernização e o crescimento do Nuplam, que começou a atividade fabril com cápsulas para tratamento da tuberculose e agora busca estender sua atuação dentro das exigências do MS. Os impactos são positivos em diversos segmentos: científico, tecnológico, econômico, mercadológico, ambiental e social”, afirma o diretor do Nuplam, professor Carlos José de Lima.
Atualmente, o Nuplam conta com setor administrativo, área de produção e embalagem de medicamentos sólidos, área de Pesquisa e Desenvolvimento Farmacêutico, Almoxarifados, Laboratório de Controle de Qualidade, Estação de Tratamento de Água, áreas de serviço de apoio, e dentro do seu espaço físico existe estrutura capaz de receber ampliações futuras. Uma fábrica de medicamentos sólidos orais multi propósito estará em funcionamento até o início do segundo semestre deste ano, com capacidade para produzir até cinco medicamentos em etapas produtivas sucessivas, em um total de até 200 milhões de unidades farmacêuticas por ano.
Segundo Carlos José de Lima, a fabricação poderá ser distribuída por períodos, a partir da demanda de cada medicamento e com paradas para processos de limpeza, permitindo que não haja ociosidade na planta fabril.
Suporte acadêmico
O Nuplam oferece apoio regular a uma média de 400 alunos por ano, como visitantes, bolsistas, estagiários e em desenvolvimento de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos cursos de graduação em Ciências Biológicas, Biomedicina, Enfermagem, Química, Farmácia, Engenharia Mecânica, Estatística, Engenharia de Produção, entre outros, além do suporte a estudantes de pós-graduação.
No campo da extensão, integra o programa nacional Descarte Consciente, que oferta estações coletoras para a destinação correta de resíduos farmacêuticos considerados descartáveis pela população: pomadas, comprimidos, líquidos, sprays, caixas, bulas e embalagens usadas e/ou com validade expirada. Lançado no Estado em setembro de 2016, o trabalho dispõe de uma estação coletora no Centro de Convivência do campus central da UFRN, e já recolheu mais de 100 quilos de medicamentos apresentados para descarte. Uma equipe de alunos e farmacêuticos orienta a coleta dos resíduos levados, posteriormente, ao Nuplam e encaminhados para incineração.
A coordenadora do projeto e vice-diretora do Nuplam, professora Lourena Mafra Veríssimo, explica que o descarte de medicamentos no lixo comum, na pia ou no vaso sanitário contribui para um grave problema de saúde pública. Isso porque as substâncias químicas desses produtos podem contaminar o solo e chegar aos rios e córregos, o que compromete a qualidade da água para consumo humano. “Além disso, o armazenamento de medicamentos vencidos ou não utilizados pode levar ao uso inadequado desses medicamentos, com risco de intoxicação medicamentosa e agravos à saúde”, alerta.
De caráter educativo, o programa Descarte Consciente já participou de eventos dentro e fora da UFRN, entre eles a exposição cultural “Sobre o uso Racional do Medicamento” em dois shoppings da cidade. A partir do mesmo projeto são geradas pesquisas que, no futuro refletirão um perfil do descarte de medicamentos em Natal. Apesar dos avanços conquistados pelo programa, Lourena Veríssimo alerta que a quantidade de coletoras é insuficiente para receber a demanda da região, por isso é essencial o avanço de políticas públicas nesse sentido.
Fonte: Marcos Neruber
Jornalista e Publicitário
Centro de Biociências
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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