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sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Cachaça se mira no exemplo da tequila para conquistar o mundo


Enquanto a tequila mexicana conquistou o mundo e agora tem 120 países como clientes, a brasileiríssima cachaça é uma "Cinderela" fora de seu imenso mercado natural e, para chegar ao mesmo escalão, precisa de suporte governamental.

Diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), Carlos Lima, participa de uma das sessões parlamentares. EFE/ Jefferson Rudy/Agência Senado

"Parte do nosso trabalho é fazer com que o governo brasileiro vista a camisa da cachaça, assim como o governo mexicano vestiu a camisa da tequila, e do Reino Unido vestiu a camisa do uísque escocês", disse o diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), Carlos Lima, em entrevista à Agência EFE.

O mundo consome anualmente cerca de US$ 1 bilhão em bebidas destiladas de cana-de-açúcar, como a cachaça, mas apenas US$ 15 milhões desse total correspondem à bebida brasileira, cuja história está ligada à chegada dos portugueses, no século XVI, ao território que é hoje o do Brasil.

Longe de se desestimular com tão pouco peso da cachaça no mercado internacional, Lima ressalta que o atual percentual "mostra o potencial de crescimento das nossas exportações". Ele reconhece que "a organização setorial do México com a criação do Conselho Regulador da Tequila é um modelo que a IBRAC há muito tempo vem buscando no Brasil".

Ramón González Figueroa, diretor do Conselho Regulador da Tequila, não quer dar a esse órgão privado todos os méritos da internacionalização da bebida obtida do agave - "é toda a cadeia produtiva dentro do conselho", disse -, mas exala orgulho quando relata o resultado de 2019.

"Acredito que tenha sido o melhor da história da tequila", destacou.

A produção passou de 312 milhões de litros em 2018 a 351,7 milhões em 2019, 12% a mais, e em dois anos, segundo antecipou, deve duplicar, já que estão sendo plantados milhões de agaves, planta que cresce em climas semiáridos no México.

As exportações subiram 10%, de 222,7 milhões de litros a 245,8 milhões no ano passado. "Em 2019, exportamos a razão de 467 litros por minuto", ressaltou.

Também foi estabelecido um consumo recorde de agave: 1.343.000 toneladas em 2019, 18% a mais do que em 2018.

O diretor do Conselho Regulador também aponta que 51 países já reconhecem todos os direitos de propriedade intelectual à tequila, depois que os 28 países da União Europeia, Hong Kong e o próprio Brasil o fizeram em 2019.

Lima, da IBRAC, está esperando para saber os dados de fechamento de 2019, mas aponta alguns números.

"Há cerca de mil produtores, e estimamos que a produção será da ordem de 700 milhões de litros por ano", estimou.

As exportações beiram os 8 milhões de litros, o que significa um faturamento de US$ 14 milhões a US$ 15 milhões para o Brasil, acrescentou.

Quando perguntado por que a cachaça não decolou internacionalmente, Lima apontou "a falta de recursos para exportação".

"Falta uma ação conjunta e alinhada para promover as exportações", enfatizou.

O início da produção, em 1516, faz desta bebida a primeira destilada da América Latina, antes de pisco, tequila ou rum, e tem estado presente no dia a dia dos brasileiros desde aqueles tempos remotos. A cachaça não é a bebida alcoólica mais consumida no país, posto dominado pela cerveja, mas é a número 1 entre as destiladas, com 72% do mercado.

Algo semelhante acontece com o México. A tequila é a bebida alcoólica de alto teor alcoólico mais consumida no país, representando 35% do total, mas não é a líder geral.

A elevada carga fiscal sobre ambas as bebidas não ajuda a melhorar os resultados internos.

"A cachaça é a bebida mais tributada do país. Na verdade, é o produto mais tributado no geral, e temos muito medo que, com a reforma tributária (...), a tributação dos destilados, incluindo a cachaça, aumente", disse Lima.

Sobre este ponto, o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, disse no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, que o governo de Jair Bolsonaro está considerando aumentar o imposto sobre bebidas como a cachaça.

O receio do Conselho Regulador da Tequila são os impostos que alguns estados mexicanos querem introduzir, que se somariam aos 53% tributados sobre produção e serviços e aos 16% de imposto sobre o valor agregado já em vigor.

Mais de 70% do preço pago pelo consumidor mexicano é de impostos, segundo González Figueroa, que responde "até agora, não" quando perguntado se isso não vai impedir os mexicanos de beber tequila.

Tanto a cachaça quanto a tequila são as primeiras denominações de origem a serem criadas em seus respectivos países.

Para a cachaça, Lima sente falta de políticas de proteção da propriedade intelectual na arena internacional, como o México conseguiu para a tequila.

"A cachaça é protegida apenas em Estados Unidos, México, Colômbia e Chile, e recentemente conseguimos incluí-la no âmbito do acordo UE-Mercosul e esperamos que possa finalmente ser protegida na União Europeia como indicação geográfica", frisou.

Lima destacou ainda que exportar cachaça, "um produto exclusivo do Brasil", significa levar a imagem do país ao redor do mundo e que pode impulsionar a entrada de outros produtos brasileiros no mercado internacional.

Fonte: Agência EFE

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